Apesar do nosso país ser um dos mais resistentes no que
respeita a mudanças de emblema dos clubes, não significa que tal nunca aconteça. O assunto aqui não são as fusões ou novas designações. Para isso,
ver outras publicações neste mesmo blogue…
As nossas equipas históricas já passaram por algumas variações. No
fim de contas, falamos de instituições (quase todas) centenárias. Seria pouco
provável que nada tivesse acontecido no seu percurso.
Porém essa alteração foi mais significativa nos primeiros
anos das suas existências. Exemplos não faltam:
Nos tempos atuais, os motivos para uma transformação de um
símbolo, não é uma procura de identidade, ou mística. Essa está encontrada
há muito. A modificação passa sobretudo por razões estéticas, seja de um modo
mais suave, como um reenquadramento:
Ou para um modo mais revolucionário. Mas não bem recebido pelos
seus adeptos, em alguns casos:
Outras razões para uma renovação de imagem, passam pela distinção
de uma filial em relação à sua casa-mãe, com o propósito de unir as gentes de
uma localidade.
A história dos dois clubes da Marinha Grande é bem curiosa.
Derivado à ligação do AC Marinhense com o Sporting CP em 1939, é incluído um
leão no topo do símbolo. Adeptos descontentes com a situação, criam o SL
Marinha em resposta, nesse mesmo ano. Posteriormente, o AC Marinhense sai dessa
relação em 1960, voltando à sua forma bem próxima da original. O SL Marinha por
sua vez, também larga a sua aliança com o SL Benfica décadas depois, criando uma
nova marca.
Outro caso interessante é do FC Paços Ferreira que para se afastar
do FC Porto, fez uma simples alteração cromática. O azul e branco foi trocado pelas cores do seu conselho: verde, amarelo e vermelho.
Os emblemas criados pelas Sociedades Desportivas dos clubes podem igualmente ser variantes da mesma entidade. Também estes marcam a sua
cronologia, sem nunca extinguir a insígnia-base.
Atravessando todos estes exemplos, com modificações mais ou
menos radicais e outras tentativas falhadas; estes são os casos mais relevantes
(e bem sucedidos) dos últimos anos, em Portugal:
Sporting Clube de Portugal - O exemplo mais conhecido do nosso futebol, derivado ao facto de ser uma das
maiores potências nacionais. O Sporting no início deste século, mudou a sua
moldura de estilo Arte-Nova para algo mais atual. É claro que sendo um clube
muito popular, nem todas as vozes foram de aceitação. Consequentemente, parte
das suas filiais seguiram este modelo, outras mais conservadoras, mantiveram o
traço anterior.
Sporting Clube Campomaiorense - Pegando exatamente nas filiais dos leões, o Campomaiorense foi um exemplo que seguiu um outro rumo. O desvinculo da sua marca
anterior. Mesmo nome, mas com novas cores e uma nova mascote: o galgo, bem mais
representativo para a sua região. Emblema bem conseguido, mas que infelizmente não
durou, desportivamente. O clube alentejano tem o futebol inativo até aos dias
de hoje.
Sport Clube Beira-Mar - Curiosamente o outro finalista (e vencedor) da Taça de
Portugal 1998/99. O clube de Aveiro tirou a sua águia e centrou-se mais nos
elementos ilustrados nos seus primeiros anos. Fazendo jus ao seu
próprio nome, orientado para o mar e não tanto para o céu.
Associação Desportiva Sanjoanense - Outro clube do distrito de Aveiro, mas de São João da
Madeira, centenário neste mesmo ano. Aqui também encontramos um regresso ao
passado, para um emblema graficamente bem mais apelativo.
Centro Desportivo de Fátima - Um exemplo muito semelhante encontrado em muitos
clubes europeus. Manteve os mesmos elementos, mas com uma nova estética. Mais
curvilíneo e representações em movimento.
União Desportiva de Santarém - O clube escalabitano é um dos que mais sofre metamorfoses.
Permanece fiel ao brasão da cidade, mas procura sempre novas formas para a sua
moldura.
Clube Desportivo Santa Clara - E por fim o caso mais atual. A maior representação clubística açoriana. Inicialmente representado com um leão, mas
alterado devido à sua filiação com o SL Benfica nos anos 60. Apesar desta
ligação não ter sido relevante nos últimos anos, o clube de Ponta Delgada ainda
manteve-se fiel à simbologia benfiquista durante bastante tempo. Só este ano é
que finalmente se libertou para uma nova ilustração: A junção entre o mar e uma ave.
Novamente uma águia? Ou será desta vez um açor?
